O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2) a imposição de uma tarifa de 10% sobre todas as importações provenientes do Brasil. A medida faz parte de um decreto que estabelece tarifas recíprocas para os parceiros comerciais dos Estados Unidos.
O mandatário republicano também detalhou as tarifas aplicáveis a outros países que impõem tributação sobre produtos norte-americanos. De acordo com Trump, as tarifas recíprocas corresponderão a pelo menos metade da alíquota praticada pelos demais países, sendo o percentual mínimo fixado em 10%.
A aplicação das tarifas terá início em 5 de abril, enquanto as tarifas recíprocas individualizadas, com valores superiores, serão direcionadas a países que possuem os maiores déficits comerciais com os Estados Unidos, a partir de 9 de abril.
“Os números são desproporcionais, são injustos. Estabeleceremos uma tarifa mínima de 10% para ajudar a reconstruir nossa economia e prevenir práticas comerciais desleais”, declarou Trump. “As nações estrangeiras finalmente serão compelidas a pagar pelo privilégio de acessar o nosso mercado, o maior do mundo.”
No caso do Brasil, a tarifa de 10% incidirá sobre todos os produtos importados. Para os setores de aço e alumínio, que já possuem tributação específica, será mantida a alíquota de 25% previamente estabelecida.
“A partir de amanhã, os Estados Unidos implementarão tarifas recíprocas sobre outras nações. Vamos calcular a taxa combinada de todas as tarifas, barreiras não monetárias e outras medidas comerciais restritivas, aplicando aproximadamente metade do percentual cobrado contra os EUA”, afirmou o presidente norte-americano.
Trump ainda enfatizou que seria difícil para muitos países aplicarem alíquotas idênticas às impostas pelos Estados Unidos, justificando assim a concessão de descontos por parte do governo americano. “Se observarmos a China, por exemplo, suas tarifas contra os Estados Unidos, incluindo manipulação cambial e barreiras comerciais, chegam a 67%. Vamos aplicar uma tarifa recíproca de 34%”, explicou.
“A União Europeia é composta por negociadores extremamente rigorosos. Embora tenham uma imagem amistosa, exploram os Estados Unidos comercialmente. Suas tarifas chegam a 39%, então aplicaremos 20%”, complementou o presidente.
O chefe do Executivo norte-americano ressaltou ainda que países que desejarem evitar a tributação devem transferir suas unidades industriais para os Estados Unidos. “As tarifas oferecem proteção econômica ao nosso país contra práticas desleais. Ainda mais importante, elas fomentarão o crescimento econômico”, afirmou Trump.
O ‘TARIFAÇO’ DE TRUMP
O republicano denominou a medida como “Dia da Libertação”, marcando o início de um conjunto de tarifas que, segundo ele, proporcionará a independência econômica dos Estados Unidos em relação a produtos estrangeiros.
“Este é um dos dias mais importantes da história americana. Representa nossa Declaração de Independência econômica”, declarou Trump.
Na semana anterior, o presidente norte-americano havia indicado que as tarifas poderiam ser aplicadas a todos os países, mas sugeriu que os percentuais poderiam ser inferiores aos inicialmente esperados, demonstrando disposição para negociações.
Além das tarifas recíprocas, outras medidas já anunciadas pelo governo Trump entraram em vigor nesta quarta-feira (2), incluindo a aplicação de uma taxa de 25% sobre a importação de veículos e sobre exportações destinadas aos EUA que não se enquadrem no USMCA, acordo comercial vigente entre Estados Unidos, México e Canadá.
As incertezas quanto às implicações dessas medidas para a economia global têm gerado instabilidade no mercado financeiro nas últimas semanas, resultando em reações por parte de diversos países.
No Brasil, o Senado Federal aprovou, em regime de urgência, um projeto de lei que estabelece mecanismos para retaliação contra países ou blocos econômicos que impõem barreiras comerciais a produtos brasileiros.
A proposta, amplamente apoiada pelo Congresso e pelo governo, surgiu em resposta às recentes declarações de Trump mencionando o Brasil como um dos países sujeitos às novas tarifas.