Governo Lula vê poucas chances de escapar de tarifas de Trump

Trump promete anunciar nesta quarta-feira (2), às 17h (horário de Brasília), a imposição de “tarifas recíprocas”.


O governo brasileiro chega ao chamado “Dia da Libertação” em meio a incertezas e temor sobre as tarifas anunciadas por Donald Trump. A possibilidade de escapar do “tarifaço” é vista como remota, após seguidas rodadas de conversa com autoridades americanas.

Trump promete anunciar nesta quarta-feira (2), às 17h (horário de Brasília), a imposição de “tarifas recíprocas”. No governo Lula, uma eventual limitação da sobretaxa ao etanol seria considerada uma vitória, mas há ceticismo sobre essa possibilidade.

Nas negociações realizadas, autoridades brasileiras apresentaram argumentações técnicas, sem que houvesse qualquer sinalização americana sobre exceções.

Duas indicações apontam que os EUA devem ser duros com o Brasil:

A primeira foi a consulta pública do USTR (Escritório de Representação Comercial da Casa Branca), que recebeu críticas severas ao Brasil por parte do setor privado americano. Barreiras sanitárias, subsídios industriais, cotas na TV paga e demora em patentes foram apontados como entraves comerciais.

Na segunda-feira (31), o USTR divulgou um relatório de 397 páginas, citando o Brasil como o sétimo país mais problemático para os EUA, com restrições que impactam US$ 8 bilhões.

O Itamaraty, por meio do secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros, Mauricio Lyrio, tentou reforçar os argumentos brasileiros em reuniões em Washington. Como parte da estratégia, Lyrio se encontrou com o congressista republicano Jason Smith, figura influente no Comitê de Ways and Means da Câmara dos EUA.

Nesta semana, esperava-se um novo contato entre o chanceler Mauro Vieira e o chefe do USTR, Jamieson Greer, mas a conversa não ocorreu.

No governo, a percepção é que essa interlocução pouco alteraria o cenário. Auxiliares de Lula avaliam que a decisão final está exclusivamente nas mãos de uma pessoa: Donald Trump.