A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um corte de 20% em seu orçamento após a retirada dos Estados Unidos, seu maior doador.
A decisão levará à redução de missões e pessoal, conforme explicou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um e-mail enviado na sexta-feira (28) aos funcionários da agência.
“Em 2025, a OMS enfrenta uma perda de receitas de US$ 600 milhões e não tem outra opção a não ser começar a fazer cortes”, escreveu Tedros.
Desde que Donald Trump reassumiu a presidência em janeiro, seu governo congelou a ajuda americana ao exterior, incluindo programas de assistência sanitária global.
Trump justificou a saída da OMS apontando discrepâncias nas contribuições de Washington e Pequim, além de acusar a entidade de “fraudar” os EUA.
Os Estados Unidos eram o maior doador da OMS, contribuindo com até US$ 1,3 bilhão no ciclo orçamentário 2022-2023, representando 16,3% do orçamento total da organização.
“O anúncio dos EUA, somado à redução da ajuda pública ao desenvolvimento por vários países para financiar gastos com defesa, agravou nossa situação”, afirmou Tedros.
Em fevereiro, o conselho executivo da OMS reduziu a proposta orçamentária para 2026-2027 de US$ 5,3 bilhões para US$ 4,9 bilhões.
“Desde então, as perspectivas de ajuda ao desenvolvimento se deterioraram”, disse Tedros, justificando a nova proposta de US$ 4,2 bilhões, um corte de 21% em relação ao orçamento original.
A maior parte dos fundos americanos vinha de contribuições voluntárias para projetos específicos, e não de uma participação fixa.
“Essas medidas começarão pela sede, atingindo os altos dirigentes, mas afetarão todos os níveis e regiões”, alertou Tedros.