Europa recomenda kit de sobrevivência para emergências de até 72h, com estoque de água e alimentos

Entre as situações previstas, incluem-se conflitos armados, pandemias, ataques cibernéticos e eventos climáticos severos.


A Comissão Europeia apresentou, na quarta-feira (26), um novo plano de preparação civil, que recomenda que todas as famílias da União Europeia estejam aptas a sobreviver por pelo menos 72 horas sem assistência externa em cenários de crises extremas. Entre as situações previstas, incluem-se conflitos armados, pandemias, ataques cibernéticos e eventos climáticos severos.

O documento, que reúne 30 medidas estratégicas, orienta a população a manter um kit básico de sobrevivência doméstico, com o objetivo de garantir autonomia nos primeiros dias de uma emergência, período em que os serviços públicos podem estar indisponíveis. Entre os itens recomendados, destacam-se:

• Seis garrafas de água potável por pessoa;

• Alimentos não perecíveis, como arroz, massas e enlatados;

• Lanternas e pilhas;

• Rádio analógico com pilhas;

• Kit de primeiros socorros completo.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Roxana Mînzatu, enfatizou a importância da antecipação e do planejamento preventivo, afirmando: “Conserte-se o telhado enquanto o sol ainda brilha”. O plano busca estimular a preparação da sociedade antes que novas crises ocorram, em um contexto de crescente alerta dentro do bloco. Agências de inteligência europeias têm reforçado a preocupação com a possibilidade de ações hostis por parte da Rússia nos próximos cinco a dez anos. Além disso, a experiência da pandemia de Covid-19 e o aumento da frequência de eventos climáticos extremos evidenciaram a vulnerabilidade das populações.

ESTRATÉGIA DE PREPARAÇÃO

Além das recomendações voltadas às residências, o plano, denominado Preparedness Union Strategy (“Estratégia de Preparação da União Europeia”), tem como objetivo transformar a abordagem da UE na resposta a crises, adotando uma postura proativa e coordenada.

Segundo comunicado oficial da Comissão Europeia, a estratégia visa fortalecer a preparação civil e militar no bloco, assegurando que governos, empresas e cidadãos estejam aptos a responder de forma eficiente diante de emergências. A iniciativa se estrutura em três pilares fundamentais: abordagem integrada a todos os tipos de ameaças, engajamento de toda a sociedade e cooperação entre diferentes esferas governamentais.

Entre as principais ações, destacam-se:

• Criação de um painel de crises para decisões baseadas em dados em tempo real;

• Revisão do Mecanismo de Proteção Civil da União;

• Desenvolvimento de diretrizes que assegurem a autossuficiência da população por, no mínimo, três dias.

MEDIDAS COMPLEMENTARES

A estratégia inclui diretrizes para a estocagem de produtos essenciais, como medicamentos, alimentos e água, bem como o fortalecimento da segurança de recursos naturais críticos. A proposta visa garantir a continuidade de serviços essenciais, como transporte, energia, saúde e telecomunicações, mesmo durante crises severas.

Outro foco da iniciativa é a ampliação dos sistemas de alerta precoce e da comunicação de risco, por meio de campanhas educativas, disponibilização de materiais informativos online e inserção do tema da preparação nos currículos escolares. “Nosso objetivo é aumentar a conscientização pública sobre os riscos e capacitar os cidadãos a agir de forma autônoma”, destacou a Comissão.

Além disso, o plano prevê a implementação de protocolos de emergência entre governos e o setor privado, a formação de uma força-tarefa de preparação com empresas e a revisão das normas de compras públicas. A cooperação entre civis e militares também é contemplada, por meio de exercícios conjuntos e padronização de investimentos de uso dual.

Por fim, a Comissão Europeia propõe que todas as futuras legislações e políticas da UE passem por uma verificação de impacto sobre segurança e preparação. O documento prevê, ainda, a realização da primeira grande avaliação de riscos e ameaças da União Europeia até o final de 2026.