O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu vista na segunda-feira (24) e interrompeu o julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, a cabeleireira que pichou a frase “perdeu, mané” na estátua ‘A Justiça’, durante os ataques de 8 de janeiro de 2023.
O placar até o momento é pela condenação de Débora a 14 anos de prisão, com os votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Fux tem até 90 dias para devolver o caso e retomar o julgamento. O processo estava sendo analisado no plenário virtual da Primeira Turma, com a sessão programada para terminar nesta sexta-feira (28). Nesse modelo, os ministros depositam seus votos ao longo de um período, mas é possível pedir vista ou destacar o caso para julgamento físico.
A acusação contra Débora é baseada em seu envolvimento nos atos e na pichação da estátua do artista Alfredo Ceschiatti, situada em frente à sede do STF. A obra tem um valor estimado entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. Moraes, relator do caso, afirmou que “a ré estava indiscutivelmente alinhada à dinâmica criminosa [do golpe]” e ressaltou que Débora “comemorou o vandalismo sorrindo para a multidão”.
Além disso, foi identificado que Débora apagou conteúdo de seu celular antes da prisão, o que, para Moraes, indica tentativa de obstrução da Justiça. “A ré demonstrou orgulho e felicidade em relação ao ato de vandalismo”, afirmou o ministro.
Débora foi acusada de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado. Em março de 2023, ela foi presa e pediu desculpas ao ministro Moraes, alegando desconhecer a simbologia da estátua e seu valor material.
A frase “perdeu, mané” é uma referência a uma fala do ministro Luís Roberto Barroso em novembro de 2022, quando ele respondeu a um apoiador de Bolsonaro em Nova York.
