O episódio do asteroide 2024 YR4 reacendeu o debate sobre o que a humanidade pode fazer diante da ameaça desses pedregulhos espaciais. Após atingir um pico de 3,1% de risco de colisão em 2032, as chances caíram drasticamente para 0,004%, no último dia 25 de fevereiro.
Agora, a expectativa é que o 2024 YR4 passe entre a Terra e a Lua, sem atingir nenhum dos dois. O asteroide foi reclassificado como nível 1 na escala Torino, indicando uma colisão extremamente improvável.
Por sorte, desta vez não será necessário nos prepararmos para um impacto potencialmente devastador. Mas a pergunta permanece: o que fazer se um dia a colisão for certa e não apenas uma possibilidade?
Atualmente, cientistas têm três técnicas principais de deflexão. A mais consolidada é o “impacto cinético”, testado pela missão Dart da NASA, em 2022. Na ocasião, uma nave colidiu com o asteroide Dimorfo, alterando sua trajetória. A ideia é simples: acertar o asteroide com uma nave em alta velocidade para desviar sua rota, mesmo que minimamente.
Como o efeito da colisão se amplifica com o tempo, o maior trunfo dessa técnica é o aviso prévio. Quanto antes o risco for detectado, maior a chance de sucesso. No caso de um objeto como o 2024 YR4, com 40 a 90 metros de diâmetro, essa missão poderia funcionar — se houvesse mais tempo do que os sete anos previstos até a possível colisão.
Outro fator decisivo é o tamanho do asteroide. Quanto maior o objeto, mais difícil será desviá-lo. Em casos extremos, outra alternativa cogitada é o uso de uma bomba nuclear.
O procedimento começaria com o envio de uma nave até o asteroide, mas o desfecho seria explosivo. A detonação da ogiva poderia empurrar o objeto ou até fragmentá-lo.
Contudo, essa técnica nunca foi testada. Os tratados internacionais proíbem o envio de artefatos nucleares ao espaço, além do risco de um acidente durante o lançamento. Ainda assim, numa situação de desespero, pode ser a única saída — mesmo que uma explosão mal calculada transforme um grande asteroide em vários menores, ainda perigosos.
Uma terceira opção é o chamado “trator gravitacional”. Neste caso, uma espaçonave robusta se posiciona perto do asteroide e, com sua gravidade, vai desviando o objeto aos poucos. É a técnica mais segura, mas também a menos potente, aplicável apenas com décadas de antecedência.
Além dessas três estratégias, outras ideias surgem, como instalar propulsores ou até pintar o asteroide de branco para que a luz solar o desvie com o tempo. Porém, tudo isso ainda é teórico.
O consolo é saber que, mesmo sem soluções milagrosas, temos formas de mitigar o risco. O monitoramento constante nos garante algo que os dinossauros não tiveram há 66 milhões de anos: tempo para agir.