O Federal Reserve decidiu manter as taxas de juros estáveis nesta quarta-feira (19), mas sinalizou que ainda prevê cortes de meio ponto percentual até o fim deste ano, diante da desaceleração do crescimento econômico e da expectativa de queda gradual da inflação nos Estados Unidos.
Os dirigentes do banco central norte-americano também revisaram para cima a previsão de inflação, estimando que a taxa terminará o ano em 2,7%, acima dos 2,5% projetados em dezembro. A meta do Fed segue em 2%. Por outro lado, o crescimento econômico foi revisto para baixo, de 2,1% para 1,7%, e o desemprego deve subir levemente até o fim do ano.
“A incerteza em torno da perspectiva aumentou”, declarou o Fed, destacando os riscos crescentes e o cenário nebuloso para 2025, influenciado pelas primeiras ações da nova administração Trump e pelo início da implementação das tarifas sobre produtos importados.
A taxa de juros foi mantida entre 4,25% e 4,50%. Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o momento exige cautela: “Nossa postura política atual está bem posicionada para lidar com os riscos e incertezas que enfrentamos”.
Com o anúncio, o índice Dow Jones subiu 0,5% e o Nasdaq 0,7%. Os futuros de juros passaram a precificar uma queda de pouco mais de meio ponto percentual neste ano, com 62,1% de chance de o Fed cortar os juros já em junho, segundo a LSEG (London Stock Exchange Group), que compila estimativas do mercado financeiro.
O dólar perdeu parte dos ganhos, enquanto o rendimento dos títulos de 10 anos subiu para 4,298%.
“O Fed está tão perdido no deserto quanto o resto de nós tentando decifrar as mudanças contínuas na política econômica da 1600 Pennsylvania Avenue”, disse Omair Sharif, da ‘Inflation Insights’. O endereço citado é o da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos.
O Fed também anunciou que vai desacelerar a redução do seu balanço patrimonial, o chamado aperto quantitativo. A medida visa limitar o impacto da redução da liquidez no mercado. No entanto, o governador Chris Waller discordou da decisão, argumentando que o ritmo de redução poderia ser mantido sem causar riscos significativos.
Apesar da incerteza, o banco central mantém a perspectiva de que a inflação volte à meta de 2% até o fim de 2027 e os juros cheguem a 3,1%, nível considerado neutro, sem estimular ou desacelerar a economia.
Enquanto isso, as políticas de Donald Trump, com tarifas sobre importados e restrições à imigração, contrastam com a previsão do Fed de um crescimento modesto e desemprego em alta nos próximos anos. As estimativas apontam para uma taxa de desemprego de 4,4% neste ano, acima dos 4,1% registrados em fevereiro.