Tempestade solar pode causar apagão global e prejuízo de US$ 2,4 trilhões

O risco de tempestades solares aumentou e pode resultar em grandes perdas financeiras e danos às infraestruturas críticas.


Uma tempestade solar corre o risco de provocar apagões em todo o mundo, incluindo o Brasil, e custaria à economia global cerca de US$ 2,4 trilhões (aproximadamente R$ 14,1 trilhões), alertou um estudo.

Na última terça-feira (4), a ‘Lloyd’s of London’ afirmou que o “clima espacial extremo” entrando na atmosfera da Terra causaria estragos nos satélites que sustentam a economia global, deixando aviões paralisados, navios imobilizados e o sistema bancário global congelado.

Casas e hospitais também ficariam no escuro, pois a tempestade provavelmente danificaria redes de energia críticas ao redor do mundo, alertou a seguradora.

O cenário apocalíptico, publicado juntamente com o ‘Centro de Estudos de Risco de Cambridge’, prevê que a economia global ficaria exposta a perdas de US$ 2,4 trilhões (cerca de R$ 14,1 trilhões) em um período de cinco anos devido ao impacto indireto da tempestade.

No cenário mais extremo, as perdas econômicas globais causadas por uma tempestade solar totalizariam US$ 9,1 trilhões (aproximadamente R$ 53,6 trilhões) – o equivalente a 1,4% do PIB global.

Embora rara, a probabilidade de condições climáticas espaciais extremas aumentou nos últimos anos porque os campos magnéticos do Sol estão atingindo um pico de alta atividade, o que significa que há um risco maior de uma tempestade solar.

A economia brasileira sofreria perdas significativas devido à sua forte dependência de sistemas de rastreamento do tipo GPS, que seriam destruídos por uma tempestade.

Uma tempestade solar ocorre quando uma explosão repentina de radiação do Sol afeta o “clima” no espaço ao redor da Terra.

Se forem grandes o suficiente, as explosões de luz – conhecidas como erupções solares – interagem com o campo magnético da Terra e criam tempestades geomagnéticas que interrompem os sistemas digitais que sustentam a economia global.

Se isso ocorresse, infraestruturas críticas, como satélites em órbita no espaço, seriam danificadas, causando um impacto indireto nas redes digitais e de comunicação e um possível apagão da internet, alertou o Lloyd’s.

Rebekah Clement, da Lloyd’s, disse: “Historicamente, o clima espacial extremo tem sido raro. No entanto, ao equipar empresas, governos e seguradoras com modelos baseados em dados, estamos encorajando uma preparação eficaz e uma colaboração mais forte.”

EVENTO DE CARRINGTON

O Evento de Carrington, ocorrido em 1859, é considerado a maior tempestade solar já registrada e teve um impacto significativo na Terra. Nomeado em homenagem ao astrônomo britânico Richard Carrington, que observou o fenômeno, essa tempestade foi causada por uma ejeção de massa coronal (CME, na sigla em inglês) extremamente poderosa, que liberou partículas solares de alta energia em direção ao nosso planeta.

O impacto mais notável foi nas linhas telegráficas, que eram os sistemas de comunicação mais avançados na época. O campo magnético da Terra foi intensamente perturbado pela tempestade, causando falhas nos sistemas de telegrafia. Fios de telégrafo pegaram fogo e os operadores foram eletrocutados em vários casos, enquanto as mensagens eram transmitidas de forma descontrolada. Além disso, a aurora boreal foi vista em latitudes muito baixas, até no Caribe, algo extremamente raro.

Se um evento similar acontecesse nos dias atuais, os impactos seriam muito mais graves devido à nossa dependência de tecnologias como satélites, redes elétricas e sistemas de comunicação. Estima-se que um evento de magnitude similar ao de Carrington poderia causar danos significativos a essas infraestruturas, levando a apagões, perdas financeiras e prejuízos à economia global. Este evento serviu como um marco para estudos sobre clima espacial e sua potencial ameaça ao mundo moderno.