Confronto entre polícia e aposentados termina com 89 detidos em Buenos Aires

A manifestação, realizada semanalmente em frente ao Congresso do país, ganhou força com a adesão de torcedores organizados.


Agentes de segurança da Argentina entraram em confronto com manifestantes nesta quarta-feira (12) durante um protesto de aposentados contra o governo de Javier Milei, em Buenos Aires. Pelo menos 89 pessoas foram detidas, e seis policiais ficaram feridos.

Os aposentados pedem reajustes nas pensões e afirmam que perderam poder de compra devido à inflação e às recentes medidas econômicas. A manifestação, realizada semanalmente em frente ao Congresso do país, ganhou força com a adesão de torcedores organizados.

A presença dessas torcidas levou o Ministério da Segurança Nacional a endurecer medidas contra possíveis conflitos. O governo alertou que “qualquer pessoa envolvida em atos violentos ou bloqueios de vias poderá ser detida”.

O porta-voz Manuel Adorni minimizou a manifestação, chamando-a de “uma marcha de barrabravas, seguramente de esquerda, com convocação baixa, muito baixa ou nula”.

O confronto começou quando policiais tentaram desbloquear uma rua ocupada pelos manifestantes e formar um cordão para impedir o avanço até o Congresso. Segundo o jornal Clarín, participantes reagiram jogando objetos contra os agentes, que responderam com jatos de água e gás lacrimogêneo. Um carro da polícia foi incendiado.

Os conflitos se espalharam pelo Centro Histórico, chegando próximo à Casa Rosada.

Os protestos dos aposentados têm sido frequentes e marcados por repressão policial. Recentemente, torcidas organizadas passaram a apoiá-los, aumentando o atrito com o governo. Em resposta, a administração Milei determinou que torcedores envolvidos em bloqueios poderiam ser proibidos de entrar nos estádios.

Desde que assumiu, Milei tem adotado uma política de austeridade nos gastos públicos. Em março do ano passado, um decreto presidencial determinou que as aposentadorias fossem reajustadas mensalmente pela inflação.

Embora a inflação tenha recuado nos últimos meses, os aposentados afirmam que seus rendimentos estão defasados. Eles argumentam que, quando a nova fórmula foi imposta, a moeda argentina já havia sofrido uma desvalorização de 50%.

Além disso, o governo mudou o plano de saúde dos aposentados e restringiu a distribuição gratuita de medicamentos.

“Os aposentados estão vivendo o pior ataque às conquistas sociais. Nem com (o ex-presidente Maurício) Macri nem com outros foi pior”, disse José Montes, de 75 anos, que participou do protesto em uma cadeira de rodas.

Em fevereiro, um aposentado recebeu o equivalente a R$ 1.800. Em Buenos Aires, o custo da cesta básica para um idoso supera o dobro desse valor, segundo a Defensoria da Terceira Idade.