Um estudante palestino da Universidade de Columbia, envolvido nos protestos pró-Palestina do ano passado, foi preso por agentes de imigração dos EUA no sábado (8).
Mahmoud Khalil, aluno de pós-graduação em Relações Internacionais e Públicas, foi detido em sua residência universitária. O sindicato ‘Student Workers of Columbia’ anunciou sua prisão, confirmada nesta segunda-feira (10) pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
“Esta é a primeira prisão de muitas que virão. Sabemos que há mais estudantes em Columbia e em outras universidades envolvidos em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a Administração Trump não tolerará isso. Muitos não são estudantes, são agitadores pagos. Encontraremos, apreenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país — para nunca mais retornarem”, declarou Trump no Truth Social.
A esposa de Mahmoud, cidadã americana, está grávida de oito meses. Ele possui um green card de residência permanente nos EUA.
Horas antes de sua prisão, em entrevista à agência Reuters, Mahmoud disse temer estar sendo alvo do governo por falar com a mídia e comentou as críticas de Trump aos manifestantes estudantis.
Sua prisão foi condenada por grupos de direitos civis, que a classificaram como um ataque às liberdades civis. No campus de Columbia, em Nova York, protestos ocorreram nesta segunda-feira.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também comentou a prisão:
“Revogaremos os vistos e/ou green cards de apoiadores do Hamas na América para que eles possam ser deportados”.
Na semana passada, a Associated Press revelou que estudantes da Columbia estavam sob investigação. Mahmoud era um deles e disse enfrentar 13 acusações.
Ele atuou como negociador dos manifestantes pró-palestinos no acampamento do campus no ano passado. Relatou ter recusado um acordo de sigilo exigido pela universidade, que ameaçou impedir sua graduação, mas recuou após apelação de seu advogado.
Acusado de má conduta semanas antes da formatura, Mahmoud afirmou:
“Tenho cerca de 13 alegações contra mim, a maioria delas são postagens de mídia social com as quais não tive nada a ver. Eles só querem mostrar ao Congresso e aos políticos de direita que estão fazendo algo, independentemente do que está em jogo para os estudantes. É um escritório para esfriar o discurso pró-Palestina”.
Na sexta-feira (7), o Departamento de Educação dos EUA anunciou o cancelamento de bolsas e contratos para Columbia devido à “inação diante do assédio persistente de estudantes judeus”, sob orientação do governo Trump.
A universidade, que esteve no centro dos protestos exigindo o fim do apoio dos EUA a Israel devido à crise humanitária em Gaza, perdeu US$ 400 milhões em financiamento, cerca de R$ 2,3 bilhões.
Na quinta-feira (6), a Associated Press noticiou que estudantes de Columbia que criticaram Israel e participaram de protestos pró-Palestina estão sendo investigados.
O Escritório de Equidade Institucional, novo comitê disciplinar da universidade, enviou notificações a dezenas de estudantes por atividades que vão desde postagens em mídias sociais até participação em protestos “não autorizados”.