O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fará um discurso no Congresso americano nesta terça-feira (4) à noite, seis semanas após iniciar um governo turbulento, marcado por sua tentativa de expandir os limites da presidência, reduzir a burocracia, aumentar tarifas contra aliados e interromper o auxílio militar à Ucrânia.
O pronunciamento, semelhante ao Estado da União, mas sem essa denominação por Trump ter assumido em janeiro, ocorrerá na Câmara dos Representantes às 23h (horário de Brasília).
O evento deve ser intenso, com republicanos aplaudindo e democratas contestando suas ações. “O discurso do presidente Trump será IMPERDÍVEL”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, indicando que poderá durar mais de uma hora. O senador democrata Chris Murphy, de Connecticut, anunciou que não comparecerá, chamando o evento de “uma encenação”.
Um assessor da Casa Branca afirmou que o tema será a “renovação do sonho americano”, destacando planos para pacificar o mundo.
Entre os tópicos, Trump falará sobre a guerra na Ucrânia e negociações para libertar reféns em Gaza. O presidente americano também exaltará suas medidas para reduzir a burocracia federal e o fluxo de migrantes na fronteira. Seu uso de tarifas para pressionar países estrangeiros também será mencionado.
Menos de 24 horas antes, novas tarifas contra Canadá e México entraram em vigor, aumentando temores de uma guerra comercial.
Aliados europeus observarão atentamente, um dia após a Casa Branca suspender a assistência militar à Ucrânia. Questionado sobre um acordo de minerais raros, Trump afirmou: “Te direi amanhã à noite”.
No âmbito interno, defenderá a prorrogação dos cortes de impostos de 2017. Republicanos no Congresso propuseram um plano de US$ 4,5 trilhões para garantir isso, incluindo cortes de gastos em educação, saúde e programas sociais.
O estrategista republicano Doug Heye disse que eleitores buscarão respostas sobre Ucrânia, Rússia e China. “As pessoas querem saber detalhes sobre os cortes do DOGE [Departamento de Eficiência Governamental]”, afirmou.
Desde janeiro, Trump assinou ordens executivas redefinindo regras sobre comércio, imigração e até uso de canudos plásticos. Paralelamente, aliados no Departamento de Justiça afastaram funcionários que processaram apoiadores do presidente envolvidos no ataque ao Capitólio em 2021.
A Casa Branca informou que Trump pressionará o Congresso a financiar mais deportações e expandir o muro na fronteira sul dos Estados Unidos.
A primeira-dama Melania Trump estará acompanhada por convidados, incluindo familiares de Corey Comperatore, bombeiro morto em um atentado que também feriu Trump em julho passado. Outros convidados incluem Marc Fogel, professor libertado da Rússia em fevereiro.
No fim de semana, Trump preparou o discurso em sua casa na Flórida com assessores e o bilionário Elon Musk.
Musk estará presente no Congresso, segundo fontes da Casa Branca.
Trump reestruturou o governo ao lado do DOGE de Musk, demitindo mais de 100 mil funcionários de diversas agências. Essa política eliminou bilhões em ajuda externa, incluindo remédios e alimentos, fechando órgãos autorizados pelo Congresso.
Republicanos minimizam alegações de que Trump estaria usurpando o controle sobre gastos públicos, garantido ao Congresso pela Constituição.
Democratas tentarão enfatizar os danos causados, convidando funcionários públicos afetados.
A senadora Elissa Slotkin, de Michigan, ex-agente da CIA, fará a réplica democrata.