A revista britânica The Economist afirmou, em reportagem publicada na última quinta-feira (20), que o sucesso do filme “Ainda Estou Aqui” vem impulsionando um novo “acerto de contas” do Brasil com “seu passado violento”.
“O sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’ está levando os brasileiros a repensar sua clemência”, escreveu a publicação.
Uma pesquisadora de uma universidade argentina ouvida pela revista afirmou que a ditadura militar brasileira foi “menos selvagem” do que os regimes da Argentina e do Chile, “embora pelo menos 434 pessoas tenham sido mortas e milhares torturadas”.
“Durante anos, a sociedade civil [brasileira] aceitou a anistia”, acrescenta a reportagem, referindo-se à lei que perdoou crimes cometidos no período da ditadura militar.
A revisão da Lei da Anistia, vigente desde o regime militar (1964-1985), está em análise no STF, que avalia três processos distintos. A tendência é que os casos sejam julgados conjuntamente, mas ainda não há data definida.
O movimento em torno do tema cresceu com a repercussão de “Ainda Estou Aqui”, que narra o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura, e também pela oposição do Supremo ao perdão de condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.
O longa de Walter Salles atingiu 97% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes. No mesmo agregador, a avaliação do público chegou a 98%, consolidando sua aclamação desde a estreia no Festival de Veneza, no ano passado.
Concorrendo a três categorias no Oscar deste ano, a cerimônia marcada para este domingo (2) pode premiar o filme com as estatuetas de melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz, pelo papel de Fernanda Torres.