Contas de energia podem subir 9% com reestabelecimento de incentivo ao carvão pelo Governo Lula

Entidades do setor elétrico alertam para aumento bilionário nos custos e impacto nas classes mais baixas.


Entidades do setor elétrico alertam que as contas de energia no Brasil podem ter um aumento de 9% caso o incentivo à geração de energia a carvão seja reestabelecido. A medida estava prevista no marco das eólicas offshore, mas foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 10 de janeiro, junto a outros “jabutis”. No entanto, o Congresso Nacional tem a possibilidade de derrubar o veto e reverter a decisão.

O veto do presidente gerou um intenso debate. De acordo com o presidente da Abradee, Marcos Madureira, o retorno do incentivo ao carvão causaria impactos negativos: “Estas fontes são desnecessárias e poderão trazer, inclusive, problemas operacionais para o sistema elétrico.”

Na quarta-feira (26), representantes de 11 associações empresariais se reuniram com o deputado federal Sidney Leite (PSD-AM), da Comissão de Minas e Energia da Câmara. Durante o encontro, realizado em Brasília, foi discutido o impacto do veto e a possibilidade de sua derrubada. A reunião ocorreu na sede da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).

Projeções indicam que, caso o veto seja derrubado, o impacto anual seria bilionário. Estima-se que as empresas do setor elétrico seriam oneradas em R$ 22 bilhões por ano, o que acarretaria um aumento de pelo menos 9% na tarifa de energia elétrica. Para as classes mais baixas, o impacto seria ainda mais significativo, conforme destacado por Rui Guilherme Altetieri Silva, presidente da Apine (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica): “Para a população mais pobre, isso significaria ter de deixar de comprar alguns itens essenciais da cesta básica para poder pagar a sua conta de luz.”

Sidney Leite afirmou que irá levar a pauta para a bancada do Norte e promover audiências públicas, buscando um consenso entre o setor e o Congresso. “Vou trabalhar para fortalecer o diálogo entre o setor elétrico e o Congresso, para que se possa aprofundar o debate sobre esse assunto, afastando qualquer dúvida e riscos de deixar a conta da população mais cara”, concluiu.