O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky analisou um mapa antes classificado com depósitos de terras raras e outros minerais estratégicos durante entrevista à agência Reuters na sexta-feira (7). O gesto faz parte de uma tentativa de atrair Donald Trump para um acordo.
O presidente dos EUA, que defende o fim rápido da guerra da Ucrânia com a Rússia, disse na última segunda-feira (3) que queria que Kiev fornecesse terras raras e outros minerais em troca de apoio financeiro.
“Se estamos falando de um acordo, então vamos fazer um acordo, somos a favor dele”, declarou Zelensky, ressaltando a necessidade de garantias de segurança por parte dos aliados.
A Ucrânia já havia proposto abrir seus recursos para investimentos no ano passado, ao apresentar um “plano de vitória” que buscava fortalecer sua posição nas negociações e pressionar Moscou.
Segundo Zelensky, menos de 20% dos recursos minerais da Ucrânia estão sob ocupação russa, incluindo cerca de metade dos depósitos de terras raras. Esses minerais são essenciais para a produção de ímãs, motores elétricos e eletrônicos.
Ele alertou que Moscou poderia explorar essas riquezas com aliados como Coreia do Norte e Irã, inimigos declarados dos EUA. “Precisamos deter Putin e proteger o que temos: uma região muito rica de Dnipro, no centro da Ucrânia”, afirmou.
As tropas russas vêm avançando no leste há meses, enquanto Kiev enfrenta falta de soldados e incertezas sobre o envio de armas do exterior.
Zelensky mostrou um mapa com depósitos minerais, incluindo uma grande área no leste marcada como produtora de terras raras. Metade desse território está sob controle russo.
Ele destacou que a Ucrânia possui as maiores reservas de titânio da Europa, essencial para a indústria aeroespacial, e urânio, usado em energia nuclear e armamentos. Muitos desses depósitos estão no noroeste do país, longe dos combates.
A Ucrânia ajustou sua diplomacia para se alinhar à abordagem transacional de Trump, seu aliado mais importante. No entanto, Zelensky enfatizou que Kiev não pretende “doar” seus recursos, mas oferecer uma parceria.
“Os americanos ajudaram mais, e portanto os americanos devem ganhar mais. Eles terão essa prioridade. Eu também gostaria de falar sobre isso com o presidente Trump”, disse.
Ele afirmou que Moscou conhece em detalhes os recursos da Ucrânia, devido a pesquisas da era soviética levadas para a Rússia após a independência ucraniana, em 1991.
Além disso, Zelensky revelou que Kiev e Washington discutem a possibilidade de armazenar gás natural liquefeito (GNL) dos EUA nos vastos depósitos subterrâneos da Ucrânia.
“Sei que a administração Trump está muito interessada nisso… Estamos prontos para fechar contratos de fornecimento de GNL e nos tornar um centro de distribuição para toda a Europa”, concluiu.