O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou nesta segunda-feira (3) que aplicará uma tarifa de 27% sobre produtos mexicanos.
O objetivo, segundo ele, é garantir um tratamento mais justo para as empresas equatorianas.
Em publicação na rede X, Noboa declarou ser favorável ao comércio internacional, mas impôs condições:
— “Sou a favor de um acordo de livre comércio com o México, mas não quando há abuso.”
Até que o acordo seja firmado, a tarifa será mantida.
O Ministério da Economia do México ainda não comentou a medida.
RETALIAÇÃO COMERCIAL
A decisão de Noboa ocorre poucos dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar tarifas de 25% sobre produtos mexicanos.
A medida foi suspensa após negociações entre os dois países, mas o anúncio de Noboa sugere que o Equador segue um caminho diferente.
Além do comércio, as tensões entre Equador e México vêm se agravando desde um incidente diplomático em abril de 2024.
O CASO JORGE GLAS
No ano passado, Equador e México romperam relações diplomáticas após Noboa ordenar uma operação policial na embaixada mexicana em Quito.
O alvo era o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado a seis anos de prisão em 2017 por corrupção no caso Odebrecht.
Glas recebeu asilo político do México e estava na embaixada desde dezembro de 2023.
O governo mexicano condenou a ação equatoriana e suspendeu relações diplomáticas.
O Ministério das Relações Exteriores do Equador, por sua vez, acusou o México de violação dos acordos de asilo político.
CONVENÇÃO DE VIENA
A crise entre os países reacendeu o debate sobre a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961).
O tratado determina que embaixadas e consulados são territórios invioláveis e que qualquer incursão exige autorização do chefe da missão estrangeira.
No caso equatoriano, a polícia deveria ter obtido permissão do embaixador mexicano antes de entrar na embaixada.
Agora, com as tarifas impostas por Noboa e a disputa diplomática em aberto, as relações entre Equador e México seguem em um cenário de incertezas.