A partir deste sábado (1º), os integrantes da cúpula da República terão seus contracheques reajustados. O aumento de 5,4% é a última parcela do pacote aprovado pelo Congresso em dezembro de 2022, ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL), durante a transição para o governo Lula.
O reajuste foi aprovado em um processo acelerado, com votação próxima às festas de fim de ano e pouca discussão. Apenas o PSOL e o Novo, partidos minoritários, se opuseram. Na ocasião, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) criticou: “Estamos falando de um momento em que o salário mínimo não tem aumento real há quatro anos e que o salário de diversas categorias está congelado.”
O aumento foi escalonado em quatro etapas: janeiro e abril de 2023, fevereiro de 2024 e, agora, fevereiro de 2025. Como os vencimentos não eram uniformes, o impacto variou conforme o cargo. Para os 11 ministros do STF e o chefe da PGR, o reajuste foi de 18% em dois anos. Em dezembro de 2022, seus salários eram de R$ 39.293,32.
Já os parlamentares tiveram um acréscimo de 37%. Dois anos atrás, recebiam R$ 33.763,00 mensais. O presidente Lula, o vice e seus ministros registraram o maior reajuste: 50%, partindo de um salário de R$ 30.934,70.
O presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB), seus ministros, os 594 deputados federais e senadores, os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, passarão a ganhar R$ 46.366,19 ao mês. Esse montante equivale a mais de 30 salários mínimos e supera a inflação do período, que foi de 10,4%.
“Quando se trata de votar o aumento do próprio salário, não há chantagem, é fácil, é tranquilo, e o restante da população fica sem o reajuste do salário mínimo”, afirmou Sâmia Bomfim na época. “As categorias de servidores estão com o salário defasado há anos, e, de uma hora para outra, um setor que autolegisla e não tem dificuldades financeiras dá esse recado para a sociedade?”, disse.