O governo federal errou no início e no desfecho da polêmica envolvendo o PIX. A avaliação, feita por interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aponta falhas tanto no lançamento da medida quanto na demora para reagir e encerrar o debate.
No início, a medida foi anunciada sem uma explicação clara e sem avaliar seu impacto na população. A instrução normativa da Receita Federal não previa a tributação do PIX e visava combater sonegadores ao elevar de R$ 2 mil para R$ 5 mil o limite de transações financeiras monitoradas, incluindo o PIX. Apesar disso, a medida gerou desinformação e deu espaço para críticas da oposição.
A demora para reagir foi outro erro. “Ficou ruim no anúncio e pior na demora do recuo”, admitiu um interlocutor do presidente. A equipe de Lula reconheceu que, embora a medida tivesse boas intenções, a comunicação falha e a lentidão na resposta alimentaram ataques políticos e a disseminação de fake news.
A decisão de recuar foi considerada inevitável para conter a crise e as falsas informações. Além disso, foi acionada a Polícia Federal para investigar os autores das fake news e dos golpes financeiros relacionados ao PIX.
Para evitar novos desgastes, o governo editará uma medida provisória garantindo que o PIX será equiparado ao dinheiro vivo, sem possibilidade de tributação, e assegurará o sigilo dos contribuintes. “O governo precisa testar e discutir internamente suas decisões, especialmente em áreas sensíveis como tributos”, defendeu um assessor.
A irritação do presidente Lula atingiu o ápice após a viralização de um vídeo do deputado de direita, Nikolas Ferreira (PL-MG), que ultrapassou mais de 200 milhões de visualizações no Instagram. No vídeo, Ferreira insinuava que o governo monitoraria os trabalhadores como se fossem grandes sonegadores.
Esse tipo de conteúdo se espalhou principalmente entre trabalhadores informais, grupo que o governo tenta atrair. “O PIX não será taxado, mas não duvido que possa ser. Os trabalhadores serão monitorados como grandes sonegadores”, afirmou Ferreira.
Lula decidiu que não bastava remediar a crise e convocou sua equipe econômica para encerrar a polêmica de forma definitiva.