Itamaraty avaliou sequestro de Corina Machado e decidiu manter envio de embaixadora para posse de Maduro

Os diplomatas evitavam confirmar a ida da embaixadora até o desfecho da situação de Corina. Ela foi liberada horas depois. O regime de Maduro nega a prisão.


O governo brasileiro decidiu manter a presença da embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, na posse de Nicolás Maduro nesta sexta-feira (10). O Itamaraty passou a quinta-feira (9) analisando o cenário do país vizinho após notícias veiculadas pela oposição de que a líder María Corina Machado havia sido presa. Os diplomatas evitavam confirmar a ida da embaixadora até o desfecho da situação de Corina. Ela foi liberada horas depois. O regime de Maduro nega a prisão.

O envio da embaixadora brasileira marca o início de uma relação mais “protocolar” e considerada de “baixo perfil”, sem interlocução próxima com o alto escalão do governo brasileiro. A decisão está na mesma linha de países aliados, como a Colômbia, que também enviará o representante diplomático no país.

Brasil, Colômbia e México tentaram intermediar um diálogo entre Maduro e oposição após as eleições presidenciais de 28 de julho, mas o diálogo entre os três países com a Venezuela não avançou.

Sem a divulgação das atas eleitorais por parte da Venezuela, o governo brasileiro não reconheceu as eleições de Maduro.

As relações entre os países estremeceram desde então, com o aumento da tensão após o Brasil vetar a entrada da Venezuela nos Brics.

A posse do chefe de Estado da Venezuela está marcada para esta sexta-feira (10). O atual presidente Nicolás Maduro deve participar de uma cerimônia de tomada de posse para iniciar o seu terceiro mandato no poder, apesar de muitos países contestarem.

A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.

Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação. A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.